sábado, 19 de maio de 2012

O que pensam os jovens? Geração é mais solidária e interconectada Educação de olho no futuro; e uma geração mais liberal



Piauí

Educação de olho no futuro; e uma geração mais liberal
atualizado em 22/05/2011 16:29
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Os jovens estão mais engajados, diz pesquisador                                                                                          Uma geração que gosta de falar e ter sua voz ouvida e que valoriza a educação como forma de melhoria de vida. A internet, tão onipresente na última década, favoreceu o acesso a informação e moldou um grupo bem mais antenado e engajado em lutas sociais que nem sempre afetam diretamente a eles.
Uma turma mais aberta ao diálogo com o diferente e que encara tabus históricos, como a homossexualidade, com cada vez maior naturalidade. Ao mesmo tempo, esse grupo precisa enfrentar o avanço das drogas, o medo da violência e a persistência de antigos problemas, como o preconceito de gênero.
Esses são alguns pontos em comum entre os jovens que nasceram ao longo das décadas de 1980 e 1990 e hoje têm mais de 15 anos de idade. Um grupo bastante diversificado, mas que apresenta alguns padrões de comportamento que ajudam a caracterizar o que nos acostumamos a chamar de geração.

Para a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a juventude compreende o período entre os 15 e os 24 anos. Apesar de unidos por uma mesma faixa etária, quase uma década separa os primeiros dos últimos integrantes desse grupo. Além disso, aspectos como renda familiar e a própria vivência pessoal fazem com que cada indivíduo tenha uma percepção própria da realidade. "Não existe uma homogeneidade. Os jovens não pensam da mesma forma, mesmo porque eles não têm a mesma vida", explica a pesquisadora Maria do Carmo Bomfim, que integra o Observatório de Juventudes e Violência nas Escolas (Objuve), vinculado ao Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal do Piauí (UFPI).


Origens e opiniões podem ser diferentes, mas o mundo que os cerca impõe algumas semelhanças para os integrantes dessa turma que hoje vivencia a juventude. Eles têm a vantagem de viver em um mundo muito mais interconectado, em que mais de 22 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos têm acesso à internet, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um mundo que lhe dá maiores oportunidades de se expressar, através de blogs, do twitter e das diversas redes sociais.

Ao mesmo tempo em que aproveitam as múltiplas possibilidades abertas pelo desafiante mundo virtual, os jovens enfrentam o crescimento das taxas de violência e o avanço das drogas. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta os jovens como as principais vítimas da violência no Brasil. Os números demonstram que as maiores causas de mortes entre as parcela jovem da população do País são os homicídios e os acidentes de trânsito. Pesquisa realizada pela MTV Brasil, canal de televisão direcionado para essa faixa etária, mostrou que a própria juventude tem essa percepção. Para 43% dos entrevistados - integrantes das classes A, B e C de diferentes cidades do Brasil - a violência é a principal fonte de preocupação. Na sequência aparece o desemprego, com 39%, seguido pelas drogas, com 32%.

Em meio a tantas delícias e perigos de ser jovem no Brasil, a reportagem de O DIA questionou pesquisadores e os principais atores dessa história sobre o assunto. Afinal, o que pensam e querem os jovens teresinenses? Em um universo tão amplo de possibilidades, um aspecto de convergência observado pela pesquisadora Maria do Carmo Bomfim está na busca dessa geração por um protagonismo e por canais de expressão, os mais variados possíveis. "Existe uma necessidade de expressar a subjetividade, de visibilidade física, psicológica e emocional. O jovem de hoje quer se mostrar como sujeito da história, assumir a autonomia e a autodeterminação da sua vida", resume a pesquisadora.

Essa necessidade de se expressar pode variar da jovem de classe média que mantém um blog ao garoto de periferia que entra no grupo de rap. "É um aspecto que observamos em todos os estratos sociais. A expressão da subjetividade é sempre importante para esse grupo", frisa Maria do Carmo Bomfim.

Quase saindo da adolescência, Victor Lages, de 19 anos, acredita que, hoje, a voz do jovem tem mais potência do que no passado. "Acho que já chegamos a uma época em que os jovens se inseriram em um patamar superior dentro da família. É como se agora eles já tivessem o poder de opinar. Vejo que, hoje, os pais buscam compreender melhor a realidade em que os filhos vivem", defende o estudante. Victor é exemplo de outra característica da juventude presente nos estudos realizados pelo Objuve da UFPI: a solidariedade. "Um aspecto muito forte da juventude hoje é um novo engajamento desse grupo, que nem sempre tem um viés político-partidário e não necessariamente advoga em causa própria", afirma Valdenia Sampaio, pesquisadora da área de Educação.

No caso de Victor, o engajamento foi direcionado para a questão do apoio social. Ele participa de um grupo que arrecada donativos e faz remessas mensais para diferentes casas de apoio. Através da união com outros jovens como ele, Victor encontrou uma forma de transformar em realidade um desejo antigo. "Eu sempre quis me engajar em causas beneficentes, mas não queria ir sozinho, porque é preciso muita gente para uma mobilização maior, mais arrecadação", defende ele.

Solidários, antenados e interconectados, os jovens de hoje olham com atenção para o futuro. "A busca por um protagonismo não impede que o jovem continue respeitando a família e a escola. A valorização da educação é um aspecto presente e muito considerado", resume Maria do Carmo Bomfim.

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